Resumo

A placa aural é uma doença dermatológica que acomete os pavilhões auriculares dos equinos, causando lesões puntiformes ou coalescentes caracterizadas por despigmentação e queratinização. A associação entre essas lesões, os tipos virais causadores da doença e as diferentes raças de equinos são pouco descritas. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência clínica de placas aurais em equinos das raças Mangalarga Marchador (MM) e Quarto de Milha (QM) no estado de Minas Gerais, avaliando a associação dessa prevalência à alguns fatores de risco, e detectar a presença de DNA de Equus caballus papillomavirus (EcPV) em biópsias de placas aurais. Foram avaliados clinicamente 400 equinos MM e 425 equinos QM, de diferentes idades, sexo, pelagens, funções e manejo. Foram realizadas biopsias das lesões de 30 equinos sendo 15 de cada raça, as quais foram processadas e submetidas a técnica de PCR, com utilização de primers previamente descritos para os EcPVs 1-8 e para o EcPV9 foram sintetizados primers específicos. Dos equinos MM e QM avaliados, 41,5% e 33,6% foram detectados com placa aural, respectivamente. Os equinos da raça MM com idades de 1 a 5 anos mostraram maior frequência de PA que equinos da raça QM, além de maior sensibilidade ao toque e maior susceptibilidade de infecção na presença de ectoparasitas. Dentre as amostras, 90% se apresentaram positivas para pelo menos um tipo viral, sendo o papilomavírus mais frequente em ambas as raças o EcPV 4, presente em 60% dos animais (20% em QM e 40% em MM), seguido pelo EcPV6 53,3% (16,6% em QM e 36,7% em MM), EcPV5 13,3% (10% em QM e 3,3% em MM), EcPV3 13,3% (6,6% em QM e 6,6% em MM) e EcPV1 10% (3,3% em QM e 6,7% em MM). Em uma amostra, houve a detecção isolada do EcPV1, anteriormente descrito apenas em coinfecções. Quando avaliada a existência de coinfecção dos diferentes vírus, equinos da raça MM apresentaram maior índice de coinfecções comparados a equinos, com destaque para a associação dos EcPVs 4 e 6. Conclui-se que a placa aural está amplamente distribuída no estado de Minas Gerais, com maior prevalência do EcPV4, e equinos da raça MM apresentam maior susceptibilidade e frequência da doença comparado aos equinos da raça QM. A ausência de detecção dos EcPVs 2, 7, 8 e 9 sugere que não estão associados com a placa aural nesse estado do país.